Há muito tempo que X me falava do seu mentor, Joserra. Encontrámo-nos para um copo num Hotel em Madrid. Com um sentido de humor mais latino-americano do que madrileno falámos sobre muitas coisas: balcãs, donde tinha regressado recentemente, situação económica em Espanha e Portugal, vinhos, Lisboa, das figuras ridículas dos supostos "importantes deste mundo", etc. Falei-lhe da minha passagem por Pristina, antes da independência do Kosovo, e do processo de reconhecimento deste Estado que roça a ficção.
JS pediu a X que me oferecesse (em seu nome!), "Las máscaras del héroe" de Juan Manuel de Prada. Acertou com precisão cirúrgica. Creio que tem poderes de vidente. Disse-lhe que apenas conhecia algumas das crónicas de JM de Prada no ABC (embora eu seja mais consumidor do El Mundo ou El Pais), mas que era leitor de autores como Zafon, Javier Marias, Peres. Reverte, Camilo Jose Cela ou Montalban.

"Las máscaras del héroe" é um retrato da Madrid boémia do princípio do Século. Os protagonistas são os "vencidos da vida" das letras espanholas, na sua maioria poetas e dramaturgos, que acompanhamos até ao deflagrar da Guerra Civil, em cenários que vão desde os bordéis, aos jornais e teatros de coristas . O poeta Pedro Luis de Gálvez e a personagem fictícia Fernando Navales cruzam-se na narrativa com personagens como Buñuel, Dali, Garcia Lorca e José António Primo de Rivera. Com um humor corrosivo e uma escrita barroca, este livro tem uma candência cinematográficá. Lê-se num ápice, apesar das suas 600 pags. Creio que ainda não está disponível em português.
PS entrevista de JMP ao jornal El Mundo: "por qué es usted tan misógino?
Misógino yo? Si adoro a las mujeres... Otra cosa es que sea un escritor con una visión muy masculina del mundo, pero creo que lo contrario seria enmascararse"
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