
Perdi tudo. O meu gestor anunciou-me o óbito sem morte nem campa para visitar. Passei a tarde às voltas na cidade. Creio que andei sempre em círculo, como na vida. Cruzei-me com alguns dos meus funcionários. Não fui capaz de os cumprimentar. Que se lixem e não me chateiem o juízo! O pior será ir para casa e ouvir os planos da Marta para os nossos 15 anos de casados. Não choro, não me ocorrem sentimentos de revolta ou arrependimento. Sinto uma indiferença que se instala dentro de mim. Vou alugar um quarto em Campo de Sena, com vista para o lago. Preciso de um copo e de dormir. Dou por mim a pensar que talvez possa ter um ataque cardíaco fulminante durante a noite. Como tenho um seguro de vida parto de consciência tranquila. Afinal de contas os miúdos já estão crescidos.
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