
Naqueles tempos aperaltavamo-nos para ir visitar o menino Jesus. Era uma espécie de visita à maternidade. Achei sempre que Ele, a avaliar pelo tamanho da figura do presépio, já teria 6 ou 7 anos. O maior drama era ter que vestir aquelas calças cinzentas que picavam e me provocavam uma comichão interminável.
Tudo aquilo me parecia um disparate imenso, porque imaginava que o que o maior desejo do jovem Jesus deveria ser ir para o adro da Igreja dar uns toques de bola com os miúdos da minha idade. Devia estar completamente nas tintas para a minha gravata, sapatos e penteado.
O meu pai proibia os rapazes de usarem calças de pijama por debaixo das calças assassinas, mas era um bocadinho relaxado na fiscalização. Como é obvio, eu não queria crescer porque pensava que teria que passar por aquele tormento todos os dias, já não falando da gravata estranguladora.
O meu irmão mais velho, que já estava noutro campeonato de inteligência, disse-me a dada altura, já devidamente aperaltado, que tinha descoberto um segredo infalivel. "Basta tomar um copo de água com 3 colheres de açucar, e bebes tudo de um trago só! Mas demora um bocadinho de tempo a fazer efeito. Depende da idade da pessoa".
Lá fomos de carro para a missa e eu sempre irrequieto, como se tivesse um saco de pulgas dentro das calças. Chegados à Igreja e fazendo sinaléticas de um lado para o outro do banco corrido, levantou sorrateiramente as calças de ver a Deus e mostrou-me as calças de pijama azuis. Fiquei fulo e jurei a mim mesmo que nunca mais acreditaria naquele traidor do Miguel.
Lembro-me dos enjoos provocadas pelo incenso e das viúvas da Madragoa que me afagavam os caracóis e raspavam o seu bigode na minha cara em beijinhos lambuzados. "Bom Natal, meu rico menino".
bem sao 3 da manha e estou eu e um primo meu frances aqui a chorar a rir ... benditas sejam essas calcas assassinas hahahaha o que ja nos rimos ... tal qual o que passamos tambem outrora
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