No Natal eu (e ao que parece a maior parte das pessoas) recordo familiares e amigos que partiram para comprar cigarros e não voltaram. Vêm-me ainda à memória alguns figuras que marcaram a minha forma de olhar para as coisas. É o caso de Victor Cunha Rego falecido há cerca de nove anos, com quem nunca privei.
VCR permanenceu vários anos no Brasil (S.Paulo) onde foi editor dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e do extinto Última Hora. Regressou a Portugal no 25 de Abril, foi militante da Resistência Republicana e Socialista e da Acção Socialista Portuguesa, tendo sido Chefe de Gabinete de Mário Soares no MNE. Exerceu funções na Embaixada de Portugal em Espanha e Já na década de 1980 e aproximou-se da AD. Manteve, como é sabido, uma presença assídua na imprensa portuguesa.
Mais do que a sua vida política frenética, senti-me interpelado pelas suas ultimas crónicas. Sabia que tinha uma sombra que o seguia para todo o lado. Estando-se completemante nas tintas para o julgamento do políticamente correcto, deixava transparecer, nos seus ultimos dias, todas suas inquietações e meditações. Penso que são estes gestos que revelam o carácter dos homens de excepção. Por vezes ainda folheio as compilações póstumas de algumas das suas crónicas.
Afinal de contas, em que creêm os não crentes?
Esses dias eu também resolvi reler os textos. Fico até assombrado com a imensidão que foi este homem.
ResponderEliminarEm nome de meu pai, agradeço a homenagem em teu blog. :)
Caro Pedro,
ResponderEliminarO teu Pai foi de facto o homem de excepção, que viveu muitas vidas e que marcou muitas gerações. Onde ele estiver, deve-se estar a rir com o reboliço em que isto se encontra. Como diria Fernando Pessoa "Morrer é só não ser visto". E a herança de Victor Cunha Rêgo está viva. Obrigado.
FN