quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Cunha Rêgo


No Natal eu (e ao que parece a maior parte das pessoas) recordo familiares e amigos que partiram para comprar cigarros e não voltaram. Vêm-me ainda à memória alguns figuras que marcaram a minha forma de olhar para as coisas. É o caso de  Victor Cunha Rego falecido há cerca de nove anos, com quem nunca privei.

VCR permanenceu vários anos no Brasil (S.Paulo) onde foi editor dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e do extinto Última Hora. Regressou a Portugal no 25 de Abril, foi militante da Resistência Republicana e Socialista e da Acção Socialista Portuguesa, tendo sido Chefe de Gabinete de Mário Soares no MNE. Exerceu funções na Embaixada de Portugal em Espanha e  Já na década de 1980 e aproximou-se da AD. Manteve, como é sabido, uma presença assídua na imprensa portuguesa.

Mais do que a sua vida política frenética, senti-me interpelado pelas suas ultimas crónicas. Sabia que tinha uma sombra que o seguia para todo o lado. Estando-se completemante nas tintas para o julgamento do políticamente correcto, deixava transparecer, nos seus ultimos dias,  todas suas inquietações e meditações. Penso que são estes gestos que revelam o carácter dos homens de excepção. Por vezes ainda folheio as compilações póstumas de algumas das suas crónicas.

Afinal de contas, em que creêm os não crentes?

2 comentários:

  1. Esses dias eu também resolvi reler os textos. Fico até assombrado com a imensidão que foi este homem.

    Em nome de meu pai, agradeço a homenagem em teu blog. :)

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  2. Caro Pedro,
    O teu Pai foi de facto o homem de excepção, que viveu muitas vidas e que marcou muitas gerações. Onde ele estiver, deve-se estar a rir com o reboliço em que isto se encontra. Como diria Fernando Pessoa "Morrer é só não ser visto". E a herança de Victor Cunha Rêgo está viva. Obrigado.
    FN

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