segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A um passo da morte



Há uma semana atrás, o EL PAIS publicou com uma longa entrevista intitulada "A un paso de la muerte". Uma crónica extraordinária de Álvaro de Guinea que retrata a vida de 21 sobreviventes dos corredores da morte nos EUA que se reunem com regularidade em Alabama. Têm uma coisa em comum:  eram e são todos inocentes.  Impressionou-me a história de Derrick Jamison que esteve preso durante 20 anos, 17 dos quais no corredor da morte. DJ é citado em discurso directo "Estive a uma hora de ser executado, apenas a uma hora de estar morto, uma hora para ser assassinado. Entendes o que estou a dizer? Estive apenas a uma hora de ser morto!".

Ninguém lhes poderá devolver os anos perdidos. Infelizmente, os inocentes executados continuam sem poder assistir a estas reuniões. Só o grupo dos "21" percebe o sentido da viagem ao inferno, mais ninguém. Este caminho de entendimento está-nos vedado, quer estejamos a pensar nos milhares de homens e mulheres executados nos EUA, na China, na Ásia ou em Africa. É a vergonha dos tempos modernos, para culpados ou inocentes. Em qualquer dos casos, quando o homem se torna num semi-deus não existe a possibilidade de ressureição. Alguns destes mortos-vivos devem rever nos seus piores pesadelos os passos dos carrascos da morte. Outros, revisitam nas noites de insónia o dia em que assinaram a ordem de execução.

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