terça-feira, 15 de março de 2011

"Le grandeur de la France" na lama - Torneio das 6 Nacoes

Ainda tenho o jogo Itália x Franca (Torneio das 6 nacoes) na cabeca. Foi uma emocao ver a Itália a ganhar à Franca no passado Domingo, por 22-21. Continuo a torcer pelos "pequeninos". 
 
Aqui fica um resumo da delirante imprensa italiana.
 

La Repubblica opened their sports pages with a two-page spread entitled: "Historic Try", with a picture of Italy hero and man-of-the-match Andrea Masi bursting through three French tacklers, although it wasn't the moment he actually crossed the try-line.

"An unforgettable day for Italian rugby at the Flaminio," it said. "Reigning champions France beaten and humiliated for the first time in the Six Nations. "Those who love sport, who are part of a proud minority, know you can wait a lifetime for days like this." Italy's biggest sports newspaper La Gazzetta dello Sport found space on their front page to proclaim: "Historic Italy." "At the Flaminio 30,000 fans were in delirium. France beaten in the Six Nations, (coach Nick) Mallett in tears,"

 it continued.

"History was rewritten in 20 minutes, the last of a game that has already become legend. "Like never before in the Six Nations, like only Grenoble in 1997, the only win in 31 (sic 32) previous games." That last reference was to Italy's only other victory over the French 14 years ago in a friendly test against the then Grand Slam winners.

Inside, the newspaper continued: "Italy awakes. Incredible, we tore France apart.
"It's the biggest win in Italy's history."

La Gazzetta was also harking back to other momentous occasions in the country's rugby past such as the first victory over a Home Union in 1995 when Ireland were beaten 22-12 in Treviso.

And it went on to laud the 40-32 victory over (an admittedly weakened) France in 1997, Italy's Six Nations debut, a 34-20 defeat of Scotland, and their only away victory in the competition in 2007 when they returned from Murrayfield with a 37-17 success.

"Now the heroes of Grenoble are no longer alone," it said.

La Gazzetta couldn't resist reminding the beaten visitors of the Saturday morning headline in France's biggest sports daily L'Equipe, which trumpeted: "Roman Holiday".

In Corriere dello Sport it was a quote from Mallett that made the principal headline. "Emotional Mallett: I've never been so proud," it quoted the South African as saying. Mallett had said: "I was proud of the players after the Ireland and Wales matches, I was very disappointed after England.

"But I'm very, very proud, it's one of my best moments. I've had a lot of luck with teams, I've won many things with South Africa and Stade Francais but this is possibly my proudest day as a coach."

For the Corriere it was such an important occasion that it saw fit to mis-quote Neil Armstrong, the first man on the moon: "A small step for a rugby player, a giant leap for Italian rugby."

A neutralidade "impossível" na Guerra Civil de Espanha

TLS.  

Hacks versus Franco

Was it possible to report neutrally on the Spanish Civil War?


At one time or another between 1936 and 1939, about a thousand foreign correspondents reported on the Spanish Civil War; at least five were killed – one shot by the Nationalists – and numerous others were wounded. About a dozen were imprisoned by Franco’s forces, for periods ranging from a few days to several months. It was, as one of the correspondents later wrote, “a new and by far the most dangerous phase in the history of newspaper reporting”.
Through the pages of this outstanding book stride some of the great correspondents and writers of the period: Ernest Hemingway, John Dos Passos, Arthur Koestler, Arturo Barea, Martha Gellhorn and Herbert Matthews; and a number of others, among them Ilya Ehrenburg, George Orwell, André Malraux and Antoine de Saint-Exupéry, make fleeting appearances. But the correspondents who most concern Paul Preston are those whose work will be best known to readers interested in the Civil War: Jay Allen, George Steer, Louis Fischer, Mikhail Koltsov and Henry Buckley. And even these are only a few of the mainly anglophone and French newspapermen who people this work with their lively presence.
The war was certainly dangerous, but it also raised new challenges for correspondents which resonate to this day. Could journalists be partisan and still truthful? Could they openly aid the side from which they were reporting and still be objective? Were actively partisan correspondents who also reported to their national intelligence services betraying their profession? In short, was each of these a regressive step down a slippery spiral, where “truth” was ultimately sacrificed? As usual in such matters, it is advisable to consider first the circumstances in which these challenges arose. Paul Preston
WE SAW SPAIN DIE
Foreign correspondents in the Spanish Civil War
436pp. Constable. £20.
978 1 84529 851 7


Ronald Fraser’s most recent book is Napoleon’s Cursed War: Popular resistance in the Spanish Peninsular War, 2008.

O Sonho do Celta - um Vargas Llosa menos feliz

Mário Vargas Llosa é um escritor excepcional e o Nobel fica-lhe bem.

Admiro-lhe a coragem política e o lado  de "enfant terrible".  Mas creio que, de forma voluntária ou involuntária, MVL padece de um sindroma incurável:  o "excesso" de produção literária. Pressao das editoras, falta de distanciamento crítico, soberba?  

O Sonho do Celta, o seu último romance, "soube-me a pouco".

Este romance biográfico aborda a vida do diplomata Roger Casement, um dos heróis do nacionalismo irlandês. Casament é uma personagem interessante. Denunciou com coragem o esclavagismo no Congo e Amazónia e, durante a I Guerra, conspirou com a Alemanha, o que lhe valeu uma acusação de traição por parte do Governo de SM. como mandava o figurino na época foi enforcado. 

Nao é preciso ser um génio, ou um profundo conhecedor do percurso biográfico de Casament, para perceber que foi precisamente a condição de homossexual que contribuiu para que só tardiamente entrasse na "galeria dos heróis" irlandeses.

MVL "serve-se" desta personagem como ponto de partida para reflectir sobre a violência do colonialismo europeu, traçando um perfil do "herói" feito do gosto pela aventura e preocupacoes humanistas, não emitindo juízos de valor sobre a sua homossexualidade e supostas práticas pedófilas.

No final, MVL brinda-nos com um suposto caminho de "conversão" do diplomata irlandes ao catolicismo. Passamos do inferno do Congo e da Amazonia para o caminho da luz que se comeca a desenhar num cárcere britanico. Das trevas para a luz e para redencao. Um catolicismo que se funde no mais profundo nacionalismo e que é uma forca de resistencia ao Império britanico.

Para ser franco, creio que nem o leitor mais devoto e paciente aguenta uma viagem tao atribulada.
O Sonho do Celta fica muito aquém do folgo e rasgo de Conversas na Catedral ou mesmo das Travessuras da Menina Má. Trata-se de um livro impressionista, com partes muito desiguais.  Um livro sem golpe de asa.

Muammar al-Gaddafi - best off

"There must be a world revolution which puts an end to all materialistic conditions hindering woman from performing her natural role in life and driving her to carry out man's duties in order to be equal in rights."
Muammar al-Gaddafi

terça-feira, 8 de março de 2011

Coisas de farmácia

- Precisava de uns tampoes para os ouvidos.
- Temos os de cera e os de borracha.
- Qual é o preco?
- Os de borracha sao mais caros 1,8 Eur. Sao os Quies de "cire naturelle"
- Levo os de cera, que já conheco.
Pessoalmente prefiro os de borracha, que dilatam dentro do ouvido. Insónias?
- Nao, o meu filho tem solucos e eu nao consigo pregar olho.
- Merci

segunda-feira, 7 de março de 2011

Mimetismo

Será que o Governo, à semelhanca dé Madrid, também irá reduzir a velocidade máxima de circulacao automóvel nas auto-estradas para 110 e reduzir a iluminacao dos espacos públicos? Será esta a estratégia mais eficaz para fazer face à crise dos combustíveis? Em Portugal já conhecemos de cor e salteado o efeito da liberalizacao dos precos. Já agora, nao seria má ideia contratarem Pedro Couceiro e Pedro Lamy para um spot publicitário em que repitiram com sorriso rasgado : "eu nao adormeco ao volante" e "em casa só uso lampadas de poupanca".

Afectos

Há dias apanhei-me com uma "engenhoca" nos bracos e, nao conseguindo evitar o lado piegas da coisa, sinto-me muito feliz. Bem sei que o conceito de maternidade e paternidade responsável está em voga, com contornos mais ou menos laicos. Nao sei se preencho os requisitos de "responsabilidade" mas, como referi anteriormente, sinto-me feliz. Alguns casais tentam desesperadamente, anos e anos a fio, ter um filho.
Outros, sem qualquer problema de infertilidade, evitam-nos a todo o custo. Estao no seu direito. Ter filhos nao faz parte de qualquer imposicao moral ou legislativa, mas tao pouco é um capricho sentimental descartável. Bem sei que temos crise e desemprego em fartura, mas o que me espanta é o argumento utilizado. Muitos referem-me que nao querem trazer alguém ao Mundo num cenário de tanta violencia, caos climático e incerteza.

Recordo-me de períodos históricos como as guerras liberais, as invasoes napoleónicas ou a I República, em Portugal, as duas Guerras Mundias, a Guerra Civil Espanhola, Guerra Civil Americana, Revolucao Francesa, Chinesa e Soviética, e pergunto-me se os homens e mulheres que se confrontaram com essas viagens ao inferno de Dante também tiveram esses dilemas e inquietacoes metafísicas.

O que é que podemos entender e definir como um cenário de paz, estabilidade e esperanca para trazer alguém ao Mundo?

quinta-feira, 3 de março de 2011

No deserto

De Costa Gomes aos Governos PSD e PS - de forma progressiva ou mais matizada - deixamo-nos encantar pelo fascínio do execrável Kadaffi. A tenda do berbere passou a ser ponto de passagem obrigatório de muitos homens do do "import-export" luso e da realpolitik. Na senda da cartilha internacional, acreditámos na redencao do bombista. Com o coraçao repleto de sentimentos piedosos, passou-se um esfregao sobre o atentado de Lockerbie.

Figuras de Estado com responsabilidade na política europeia, chegaram a apresentar o caso Líbio como um caso a ser seguido por alguns países árabes.

Por aqui, achámos exótica a presenca do pretenso líder pan-africanista pela Cimeira UE-Africa, em Lisboa, (com tendas e guardas amazonas) e quiçá a presidência da Comissao de Direitos Humanos.

Em tempos de crise, abrimos ,"comme il faut",  Embaixada em Tripoli. Profetizaram os mais ingénuos (ou maquievélicos) que o berbere era um homem de uma estirpe diferente de Saddam e que os confrontos musculados da era Regan eram águas passadas.

Rapidamente desvalorizámos o celebre "episódio" das enfermeiras búlgaras e as denúncias de algumas ONGs mais "ousadas" como AI ou a HRW. Os resultados estao à vista. Agora somos todos indignacao e solidariedadezinha para com a populaça que é carne para canhão. Nós e .... outros.

Resta perguntar se Portugal fechou algum negócio decente durante este período. Franceses, alemaes, ingleses e italianos (e ao que tudo indica espanhóis) nao se terao saído mal de todo.