terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A transe do fim de Ano

Africa.cont
Vivem o fim de ano como se fosse uma catarse de todas as desgraças que lhe bateram à porta em 2009: desemprego, doença, a mudança dos filhos do particular para o ensino público, hipoteca da casa, a venda do jipe (porque sustentar 2 carros sai caro!) etc. Neste processo terapêutico endividam-se e compram uma passagem de avião para um sítio paradísiaco. Ainda há margem de manobra para umas comprinhas em "rebajas" no Corte Inglês. Sim, não devem viajar como uns pelintras! Isso nunca! Estão perfeitamente convencidos que irão regressar diferentes e que 2010 lhes trará melhor fortuna. No aeroporto riem-se muito e preenchem um boletim completo do Euromilhões, com joker. Ela está convencida que vão receber as bençãos de Iemanjá. As crianças ficaram em casa da sogra. Bem entregues.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Adopção de crianças por casais homossexuais - a Engenharia Social está de volta

Sombras IV

Já muita tinta rolou sobre a questão do casamento homossexual. Aliás, foi um dos temas abordados nas longas horas de permanência à mesa na noite de Natal. Alguns mostraram indiferença, outros acharam uma inevitabilidade da chamada "vaga de modernidade", outros deixaram transparecer uma concordância disfarçada. Estou convencido que o PR não pedirá sequer ao TC que se pronuncie sobre esta alteração legislativa, em nome do seu preverso sentido de equilibrio institucional. Cavaco ainda deve achar que ainda é cedo para se degladiar com o Governo e teme ser desagradável. Ao que parece, o homem anda obcecado com o déficit e não tem tempo para "minudências".

Será que alguém ainda se lembra do que o PR disse sobre "a família", na altura em que se discutia a questão da celeridade dos processos do divórcio?

Mas a questão central de todo este processo será a possibilidade de casais homossexuais poderem adoptar. A porta está aberta, e será dificil travar o processo. Tudo começa assim, com uma enorme generosidade por parte do legislador. Dentro de pouco tempo teremos sociólogos, pediatras e os habituais escrutionadores da "modernidade" a dizerem que as criancinhas precisam de amor, que não existe diferença entre ser educado por um casal heterossexual ou homossexual. Alguém se encarregará de nos mostrar a estória do António e do Zé a passearem com o seu filho no Jardim da Estrela. O petiz irá assegurar-nos que é uma vantagem enorme ter dois pais, que até o levam ao futebol, e que já tem uma namorada na escola.

Parece-me óbvio que só alguém muito ingénuo ou distraido é que não compreenderá que os tempos mudaram. Acabou-se, e ainda bem, a "Angustia para o jantar" e os casamentos `que sobreviviam para mera fachada social. Constato com muito agrado que as mulheres se afirmam casa vez mais em lugares cimeiros do mercado laboral e que já não têm que viver subjugadas aos maridos por razões de mera dependência económica. Um homossexual já não sofre as perseguições assassinas da "Age of extremes" (refiro-me, de modo parrticular, ao regime Nazi à Russia Soviética) e afirma-se, como qualquer um, no seu meio profissional. Naturalmente que existe discriminação, sobretudo no meio familiar, mas não será este o caminho para resolver o problema.

Mas voltando ao assunto. No meu circulo de relações, verifico que nenhum dos meus amigos homossexuais estará interessado em casar-se com o seu companheiro. Vivem de acordo com as suas opções e não se queixam de discriminação. Nenhum deles considera que o casamento, numa praia ou num lugar baladalado como o Lux, com a deida cobertura mediática,  possa acrescentar alguma coisa à sua existência e opções. Abominam as "Love Parade", que mais não são do que formas de exibicionismo serôdio e não estão nem aí quanto à questão da adopção.

Enquanto os jornais nos vão dando a conhecer estórias de "happy couples" no México (Católico) e por essa Europa fora, temos que aturar todos os dias os deputados da Nação na AR, cheios de vocabulário feito e com a cartilha arrumadinha.

Mas o que eu gostaria de saber é o que é os Senhores do Ministério da Educação estarão a engendrar em matéria de educação sexual nas escolas. Vão mostrar um catálogo de vários modelos de "happy family" ao meu filho, como quem manuseia um catálogo de cortinas? Parece-me que a engenharia social está de volta.
Abri a janela e senti o circulo polar ártico a entrar-me pela casa a dentro. Numas águas furtadas, mesmo em frente ao rio.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Calças que picam

Levar os filhos à escola

Naqueles tempos aperaltavamo-nos para ir visitar o menino Jesus.  Era uma espécie de visita à maternidade. Achei sempre que Ele, a avaliar pelo tamanho da figura do presépio, já teria 6 ou 7 anos. O maior drama era ter que vestir aquelas calças cinzentas que picavam e me provocavam uma comichão interminável.

Tudo aquilo me parecia um disparate imenso, porque imaginava que o que o maior desejo do jovem Jesus deveria ser ir para o adro da Igreja dar uns toques de bola com os miúdos da minha idade. Devia estar completamente nas tintas para a minha gravata, sapatos e penteado.

O meu pai proibia os rapazes de usarem calças de pijama por debaixo das calças assassinas, mas era um bocadinho relaxado na fiscalização. Como é obvio, eu não queria crescer porque pensava que teria que passar por aquele tormento todos os dias, já não falando da gravata estranguladora.

O meu irmão mais velho, que já estava noutro campeonato de inteligência, disse-me a dada altura, já devidamente aperaltado, que tinha descoberto um segredo infalivel. "Basta tomar um copo de água com 3 colheres de açucar, e bebes tudo de um trago só! Mas demora um bocadinho de tempo a fazer efeito. Depende da idade da pessoa".

Lá fomos de carro para a missa e eu sempre irrequieto, como se tivesse um saco de pulgas dentro das calças. Chegados à Igreja e fazendo sinaléticas de um lado para o outro do banco corrido, levantou sorrateiramente as calças de ver a Deus e mostrou-me as calças de pijama azuis. Fiquei fulo e jurei a mim mesmo que nunca mais acreditaria naquele traidor do Miguel.

Lembro-me dos enjoos provocadas pelo incenso e das viúvas da Madragoa que me afagavam os caracóis e raspavam o seu bigode na minha cara em beijinhos lambuzados. "Bom Natal, meu rico menino".

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Cunha Rêgo


No Natal eu (e ao que parece a maior parte das pessoas) recordo familiares e amigos que partiram para comprar cigarros e não voltaram. Vêm-me ainda à memória alguns figuras que marcaram a minha forma de olhar para as coisas. É o caso de  Victor Cunha Rego falecido há cerca de nove anos, com quem nunca privei.

VCR permanenceu vários anos no Brasil (S.Paulo) onde foi editor dos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e do extinto Última Hora. Regressou a Portugal no 25 de Abril, foi militante da Resistência Republicana e Socialista e da Acção Socialista Portuguesa, tendo sido Chefe de Gabinete de Mário Soares no MNE. Exerceu funções na Embaixada de Portugal em Espanha e  Já na década de 1980 e aproximou-se da AD. Manteve, como é sabido, uma presença assídua na imprensa portuguesa.

Mais do que a sua vida política frenética, senti-me interpelado pelas suas ultimas crónicas. Sabia que tinha uma sombra que o seguia para todo o lado. Estando-se completemante nas tintas para o julgamento do políticamente correcto, deixava transparecer, nos seus ultimos dias,  todas suas inquietações e meditações. Penso que são estes gestos que revelam o carácter dos homens de excepção. Por vezes ainda folheio as compilações póstumas de algumas das suas crónicas.

Afinal de contas, em que creêm os não crentes?

Apolo


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mensagens de Natal II

Mais uma pérola

"Exma(o)s e Prezada(o)s Colegas,

Excepcionalmente, recorri a este celere expediente para veicular um singelo , mas sincero, desejo d'um Santo e Feliz Natal, em que partilha e confraternização possam ser "lembranças" presentes ainda que não embrulhadas, e os bons momentos possam transbordar de elementos de fraterna consistência e reconfortante retorno.

Que este tempo de substantiva espiritualidade que celebra um nascimento, se replique em esperançosas e prospectivas novas, que a todos toque em elementares formas de relacional harmonia, bem como sucessos e realizações, também, profissionais.

Boas Festas e Feliz Ano Novo."

Mensagens de Natal

Uma enigmática mensagem de Natal que apareceu hoje na minha caixa de correio. Creio que segue um futuro acordo ortográfico e gramatical.


"Diz a
tradição que nesta altura devemos de alguma maneira estar
presentes, de alguma mesma maneira desejar os nossos
melhores desejos para os dias de festas que nos esperam....e
penso que dirá a tradição muito mais palavras que estas
minhas.
No entanto, a tradição, já é muito pouco o que era,
assim como a presença já é vista com muito mais
perspectivas e os desejos se modificam conforme as pessoas e
as experiências de cada um.
Assim, e tendo em conta todas as condicionantes deste
nosso, novo mundo, ou diria simplesmente, mundo diferente,
hoje vos escrevo para uma vez mais viajarmos...quem sabe
hoje a mundos diferentes de viagens interessantes,
conquistadoras...hoje e neste momento a viagem é mais
nas festas que nos esperam, nos momentos e sonhos que esta
altura do ano, nos
faz relembrar.
Pensar que o final de um ano é e sempre será a reflexão
do antes, às vezes de uma passado não muito distante do
dia de hoje, mas que mesmo assim nos faz parar, não olhar
ao relógio, e pensar...e logo passarmos ao novo ano, aquele
que começa, aquele que chega cheio de esperança e novos
sonhos. Deixando sempre presente as conquistas que estão em
frente a nós mesmos, enchendo-nos de força para
alcança-las!!

Esta é hoje, na pouca tradição, ou quizá na tradição
hoje um pouco diferente a minha maneira de estar presente,
aquela maneira possível de também eu parar e reflectir
para logo voltar a sonhar.
Assim, a todo vocês, que estão presentes comigo e a meu
lado, desejo tudo isto...que busquem vocês as tradições
que mais se assemelham aquilo que hoje são, que se
encontrem nas vossas reflexões, não com tristezas e
nostalgias, mas com aquela vontade de seguir sempre
caminhando, e que logo tudo isso vos
deixe
continuar a sonhar, a conquistar....sobretudo o que
desejo, é que na vossa condição daquilo que são e se
identificam, sejam Felizes, muito felizes...creio na
felicidade contagiante, e creio que isso afinal, hoje é o
que todos necessitamos.

Sejam pois então, Felizes!!! E que tenham o Feliz Natal e
o Próspero Ano novo...como manda a tradição.

Bjs grandes e espero ver todos ou alguns muito em
breve.

Aeroporto de Lisboa

Conforme previamente acordado, o despertador toca às 5 da manhã. Apenas tenho tempo para lavar os dentes, domesticar os cabelos mais agitados e disfarçar o meu pijama com um casaco comprido. Deixo-te no aeroporto, naquele local que diz "proibido parar ou estacionar, excepto para largada de passageiros". O beijo de despedida no estilo de Casablanca é interrompido por um polícia excitado com a sua missão. Vejo que tenho as calças de pijama a aparecer por debaixo do casaco e entrego-te ... as malas. Tempo de voltar para casa, esperando que o carro não se afogue na 2ª circular.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Solidão de uma mulher divorciada

"Aos fins-de-semana deixo a minha filha Leonor em casa dos meus pais e vou para casa do Bruno, meu namorado de Liceu. Também está divorciado, mas não tem filhos. Passeamos e jantamos fora. Damo-nos bem e isso é suficiente. Por uns momentos esqueço-me da sombra que me persegue."

"Não consigo ficar sozinha em casa. Compreendes-me? Sim continuo na psiquiatra. Vou à consulta duas vezes por mês. É muito bom. Sento-me no chão em cima de almofadas de cor e o tempo parece que voa. Continuo a tomar os antidepressivos, mas no outro dia fui a uma reunião a Roma e senti-me muito em baixo. O mundo desabou-me em cima. Passei horas fechada na casa-de-banho a chorar. Foi a primeira vez que voltei a Itália. Mas agora estou bem, muito bem mesmo!"

A retalho

Fizeram-me a cama, perguntando-me tudo o que vinha em notas de rodapé. Que enorme desperdício de tempo passar o fds a preparar-me para um trabalho burocrático. Ao que parece, o fato fica melhor a outro.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Boas Festas

Good Morning

Alguns colegas de trabalho chegam a mandar 100-150 postais de Natal e Boas Festas, de preferência da AMI ou da Cruz Vermelha. Normalmente fazem-no nas horas de expediente, como se fosse parte intrínseca do trabalho. Numa letrinha bem desenhada repetem invariávelmente "Prezado amigo", "Caro Dr. X" .Alguns discípulos de maquiavel dizem que é uma estratégia perfeita em termos de marketing pessoal, sobretudo para quem sabe que o e-mail e o sms são acépticos e aborrecidos. Aqueles que têm árvores de Natal desenhadas com caracteres fazem-me lembrar as lojas do chinês.
Enfim. Os correios agradecem.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A la recherche du temp perdu

Em busca da memória perdida (ou quase). Anotações de mesa de cabeceira, em fórmulas matemáticas, sobre percursos familiares.

"Pais da Bisavó Elisa + Tio Manuel + Tio António:

Elizabeth Otterbein (protestante) + Jesus Nuñez (católico)

Elisa + António = 3 filhos: Alberto, Luís, Maria Cristina

Tio Manuel + Tia Stella = René

Tio António + ??? – mensageiro secreto no tempo da guerra

Pais do Bisavô António + Tia Ilda + Tia Helena (ambas filhas do 1º casamento da Trisavó Cristina Scheffer com um Alemão que esteve num campo de concentração enquanto ela para criar os filhos cozia sacas para a unidade fabril)

Cristina scheffer (Protestante) + João da Silva (Católico)

Foram para o Japão, acompanhar o Embaixador e levaram o Bisavô António que foi estudar para um colégio inglês.

A Trisavó Cristina morreu e o Trisavô João voltou a casar com uma mulher bastante mais nova e de duvidosa reputação."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sombras V
Sombras III
Sombras I

- Queridas amigas, tenho consciência que fui feliz com o meu marido. Mas isso só aconteceu porque me empenhei muito. Ele tinha muito mau feitio e má boca. Muito, muito cheio de manias e de 9 horas o meu António. Não comia nada requentado imaginem!. A minha sogra não o pôs na ordem e não lhe tirou aquelas manias em pequeno. Também não percebo porque é que o meu filho Manel não se casa, estou farta de lhe dizer. Faz-me muita confusão: tem um bom ordenado, uma boa situação, mas não há maneira...

- Ó filha isto hoje em dia está muito diferente. Eles pensam de outra maneira.

- Mas, mudando de assunto, tenho-me entretido muito com os videos daquele advogado (pausa) Perry Mason. Já vi quase tudo.

- Sim, isso é que eram fitas boas!  Hoje em dia é só violência.

- Mas eu não me faz confusão que tenha briga, desde que não se perca o fio condutor.

(Três senhoras idosas na esplanada do CCB)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Jantares

Normalmente encontramo-nos em enterros de tias e tios com idade avançada (abomino a palavra velho). Mal sabemos os nomes uns dos outros, o que, bem vistas as coisas, estimula a criatividade. Normalmente dou os pêsames às pessoas erradas e no final, recorrendo aos conselhos da minha tribo directa, reconstituo os graus de parentesco.  Alguém teve a ideia de combinar um jantar. Um rendez-vous num cenário diferente.


Jardins du Palais des Nations

Las máscaras del héroe

Há muito tempo que X me falava do seu mentor, Joserra. Encontrámo-nos para um copo num Hotel em Madrid. Com um sentido de humor mais latino-americano do que madrileno falámos sobre muitas coisas: balcãs, donde tinha regressado recentemente, situação económica em Espanha e Portugal, vinhos, Lisboa, das figuras ridículas dos supostos "importantes deste mundo", etc. Falei-lhe da minha passagem por Pristina, antes da independência do Kosovo, e do processo de reconhecimento deste Estado que roça a ficção.

JS pediu a X que me oferecesse (em seu nome!), "Las máscaras del héroe" de Juan Manuel de Prada. Acertou com precisão cirúrgica. Creio que tem poderes de vidente. Disse-lhe que apenas conhecia algumas das crónicas de JM de Prada no ABC (embora eu seja mais consumidor do El Mundo ou El Pais), mas que era leitor de autores como Zafon, Javier Marias, Peres. Reverte, Camilo Jose Cela ou Montalban.

"Las máscaras del héroe" é um retrato da Madrid boémia do princípio do Século. Os protagonistas são os "vencidos da vida" das letras espanholas, na sua maioria poetas e dramaturgos, que acompanhamos até ao deflagrar da Guerra Civil, em cenários que vão desde os bordéis, aos jornais e teatros de coristas . O poeta Pedro Luis de Gálvez e a personagem fictícia Fernando Navales cruzam-se na narrativa com personagens como Buñuel, Dali, Garcia Lorca e José António Primo de Rivera. Com um humor corrosivo e uma escrita barroca, este livro tem uma candência cinematográficá. Lê-se num ápice, apesar das suas 600 pags. Creio que ainda não está disponível em português.

PS entrevista de JMP ao jornal El Mundo: "por qué es usted tan misógino?

Misógino yo? Si adoro a las mujeres... Otra cosa es que sea un escritor con una visión muy masculina del mundo, pero creo que lo contrario seria enmascararse"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

3 frases escrivinhadas na casa de banho dos homens na Biblioteca Nacional, com ilustração.
"Fascismo nunca mais!"

"Liberdade, cultura, 25 de Abril sempre".

"Liberdade é poder cagar de porta aberta".
Um ligeiro restício de espuma da barba no lavatório é um acto de afirmação territorial.

Ficou combinado que ele iria à primeira reunião da escola dos filhos. Gramou duas horas de converseta sobre manuais escolares e métodos pedagógicos. Não ouviu qualquer referência ao comportamento dos seus filhos. Será que se tinha enganado na escola? Não, que disparate. Era o único homem nesta sessão doutrinária, onde predominavam mães executivas de blackberry em punho, a gerir a agenda do mês e as listas dos presentes. Não o apanham noutra.
"Death is forever. But so are diamonds..." Ian Fleming


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Dia anti - Berlusconi, em LisboaP1060537


Alguns incautos poderão ter pensado que afinal de contas o novo PM não se chama José Sócrates mas sim Berlusconi.

Não é preciso ter a argúcia de um Nanni Moretti para perceber que o PM italiano é o desastre em pessoa. Para além das inúmeras suspeitas de corrupção, Berlusconi personfica o lider político populista e demagogo, sendo imbatível nas gaffes. Mas a sua presença no mais alto cargo da política italiana evidencia, antes de mais, uma incapacidade do sistema político para gerar uma alternativa credível.  A teoria do império dos meios de comunicação social ao serviço dos sucessos do napolitano não convence. Lamentávelmente não existe alternativa.

Este movimento europeista anti-Berlusconi deveria tentar começar por reflectir sobre as razões que levam este homem a ganhar eleições. Talvez nas próximas semanas nos proporcionem uma manifestação anti-Chavez ou anti-China. Quem sabe.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Os portugueses

Brussels

Os intervalos das conferências podem ser ocasiões engraçadas ou, para mal dos nossos pecados, momentos terrivelmente aborrecidos. As pessoas menos sociáveis podem ter a sensação de que entraram numa festa sem convite.

Desta vez as coisas não me correram mal. Em Bruxelas, entre um café e um croissant, encontrei alguns amigos nórdicos que não via há bastante tempo. Entretidos nas caricaturas de comportamentos nacionais  chegou a minha vez. Ao que parece, e a fazer fé no meu amigo Matts (Norueguês), a pior desfeita que pode ser feita a um português é a desmarcação de um almoço. Aparentemente somos o povo da Europa que mais importância dá aos almoços e jantares. Tudo se passa à mesa. Creio que os descobrimentos foram feitos com pastéis de bacalhau, pataniscas e um copo de vinho branco.